Hospitais públicos e privados enfrentam a falta de medicamentos, atraso nas entregas e, consequentemente, valores exorbitantes
Desde o ano passado, hospitais públicos e particulares de todo o país enfrentam o aumento cada vez maior do preço de insumos e medicamentos por causa da pandemia. O reflexo disso, gera um impacto financeiro para a saúde pública e também aos planos de saúde.
Em mais de um ano e meio de pandemia, os hospitais ficaram lotados, tanto públicos quanto particulares. Pessoas tiveram que ficar dias internadas em Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) para vencer a doença.
Bruno Sobral, secretário executivo da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), explica que em um primeiro momento, ninguém sabia exatamente quais eram os recursos que seriam necessários, porque ninguém sabia o perfil do tratamento necessário. “Ficou claro que precisava de mais tratamento intensivo e mais horas de UTI, salientou”.
Na unidade de referência ao enfrentamento de Covid, o Hospital Regional, um dos principais desafios, foi a busca por profissionais. “Foi feito uma força tarefa para efetuarmos as contratações de pessoal para suprir a demanda. Muitos desses contratos ainda permanecem em nosso quadro”, explicou a diretora financeira do Hospital Regional, a Ligia Fernandes Lima Nantes.
Um outro impacto, foi o aumento expressivo dos valores dos medicamentos e insumos. Os medicamentos são os mais afetados, com uma alta de mais de 600% nos valores, de acordo com a Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde).
A maior alta foi do relaxante muscular Midazolan, que custava antes da pandemia R$ 22,78 e, agora, sai em média por R$ 174,00, um aumento de R$ 663,83%. Já o Propofol, que é utilizado para a sedação do paciente, passou de R$ 28,60 antes da pandemia para R$ 183,00 em março de 2021.
“Enfrentamos a falta de medicamentos, atraso nas entregas, muitos fornecedores alegando a falta de matéria prima”, disse Ligia Fernandes.
Depois de tanto tempo de pandemia, o impacto já é muito alto aos hospitais. O presidente da Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul (Cassems), Ricardo Ayache, explica muitos medicamentos estavam escassos e, quando encontrados para compra, os preços estavam, significativamente, elevados. “Tivemos, inclusive, que fazer importação direta de muitos deles. Nós utilizamos os que tínhamos, parte dos nossos fundos de reserva, mas, obviamente, chega um momento que não é possível utilizá-los em toda a extensão, até porque existe uma determinação da Agência Nacional de Saúde (ANS) que boa parte dos recursos fiquem num fundo conjunto com a ANS e que não podem ser utilizados.
O custo médio mensal da internação de pacientes também aumentou desde o ano passado. Em março de 2020, quando os primeiros casos de covid foram confirmados no Brasil, o valor por mês era de aproximadamente R$ 54 mil reais. Já em março deste ano, o custo médio mensal foi de R$ 96.572 e em abril já custava R$ 100.624.
“Nós tivemos um processo inflacionário importante, principalmente em relação aos Equipamento de Proteção Individual (EPI) utilizados pelos profissionais de saúde, assim como também tivemos a necessidade de realizar a utilização de vários medicamentos de alto custo. O impacto maior inflacionário hospitalar médico ocorrerá, certamente, no ano de 2022. Cabe aí os clientes estarem muito atentos nas suas próprias operadoras , destacou o Diretor-presidente da Unimed CG, Maurício Simões Corrêa
Segundo Bruno Sobral, nesse momento, os medicamentos e insumos continuam caros e, agora, há também um número de atendimentos. “Isso gera um impacto para o plano de saúde e para o consumidor final. Eu não tenho dúvidas que no ano que vem teremos um reajuste bem mais alto”, afirmou o secretário executivo da CNSaúde.
Fonte: TV Morena