Após mais um dia de trabalha árduo, servindo e protegendo a população sul-mato-grossense, elas retornam para casa para cumprir a missão de ser mãe. Ser mãe e militar, bombeira ou policial, não é uma tarefa fácil, requer muita atenção e dedicação exclusiva.
Ser mãe é a realização de um sonho para muitas mulheres. E quando o sonho de ser mãe vem junto com a realização de um projeto pessoal, como a carreira na Militar?
Os sonhos se misturam. Para a Bombeira Militar, a Cabo Marcela Ungari, 27 anos, a carreira exige muito, tanto do físico, quanto do psicológico, então, ser mãe deve ser uma decisão muito bem pensada e programada. “Escolhi uma carreira que exige muito no cotidiano e tem época que a dedicação precisar ser maior, como por exemplo, quando termos cursos, que é uma fase exaustiva e necessária”, pontuou.
Em casa, como toda mãe, Marcela tem uma maratona de tarefas que incluem o preparo do alimento, o banho, o carinho e tantas outras responsabilidades. “No começo eu me sentia muito culpada. O Conrado acorda 10 minutos antes de eu sair de casa. Eu fico o dia inteiro fora. Quando retorno, por volta das 18 horas, ele brinca um pouquinho e já começa ficar enjoadinho, preciso dar banho, jantar e colocar para dormir. Comecei a pensar que durante uma semana eu quase não tinha contato com o meu filho. Mas, analisando a situação, eu vi que posso ter tempo de qualidade com ele. Muitas vezes, quando a mãe fica o dia todo com seus filhos, acaba deixando algumas coisas para depois, pois precisa revolver tarefas do dia a dia primeiro e porque sabe que tem tempo. No meu caso, não. Quando chego em casa, eu já dou atenção exclusiva a ele. Eu me sento no chão e vou brincar. Posso estar cansada, estressada, não importa como foi o meu dia, mas eu sei que é esse o momento que eu tenho como o meu filho. Quando o sono já começa a dar sinais, eu já preparo o banho, dou o jantar e faço ele dormir. Consegui reverter a situação para o lado bom. Aprendi a fazer os momentos a valerem a pena”, destacou.
A Cabo Marcela, que está há oito anos na corporação, atuava no serviço operacional realizando serviços de prevenção e extinção de incêndios, busca e salvamento, entre outras atividades. Desde que engravidou, está na Seção de Atividades Técnicas (SAT), onde realiza serviços administrativos. “Eu amo trabalhar na minha sessão, mas sinto muita falta do operacional. Por meu filho ter apenas um ano e três meses de idade e por meu esposo também ser militar, não consigo conciliar uma escala de 24 horas fora de casa”, explicou.
Marcela teve seis meses de licença maternidade e, antes de começar usufruir do seu direito em 2021, já se matriculou para o curso de cabo. Ela garante que a rotina não era fácil e que precisava se desdobrar para conciliar o curso de formação e a maternidade. “Graças a Deus e com a ajuda da família nós conseguimos”, comemora.
O orgulho pela profissão se mistura com a intensidade e inúmeros sentimentos ocasionados pela maternidade. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, esse cenário acaba sento um catalisador para uma carreira bem-sucedida, acompanhada de realização pessoal. A maternidade aflora ainda mais sensibilidade das militares em relação às situações que envolvem famílias, tornando-as profissionais mais completas e maduras.
“Eu penso em ter outro bebê e já conversei com as meninas da minha turma. Disse a elas que se nos organizarmos, de acordo com as nossas promoções, conseguimos passar pelos cursos de maneira mais tranquila. No meu caso, eu tinha acabado de sair da licença maternidade e fui para o curso de cabo, foi muito exaustivo, tanto para mim, quanto para o bebê. Ele era muito pequeno. A previsão é que o curso para sargento seja realizado daqui uns quatro anos. Dessa forma, eu consigo me programar para ter mais um filho em um período de no máximo 3 anos. Assim, o bebê estará maiorzinho e um pouquinho mais independente. Se nós, mulheres, nos programarmos, conseguiremos alcançar o que almejamos para a nossa carreira, conciliando com a maternidade e ter sucesso nas duas coisas”, destacou.
Ser policial não é tarefa nada simples, tampouco é ser mãe. Quando o desafio é duplo, só mulheres fortes de verdade conseguem desempenhar essa missão com bravura e amor. A Policial Militar, Cabo Fabiana Farias, também se divide entre a farda e a maternidade. Há 12 anos na corporação, é mãe da Laysa, de nove anos de idade. Ela conta que durante a gestação teve todo o respaldo a PM.
“Planejei a minha filha e, ao longo da gestação, tive todos os direitos garantidos, trabalhei até o finalzinho da gestação no administrativo, que foi um dos primeiros cuidados que tiveram, nos manter em segurança. Usufrui de 120 dias de maternidade que, posteriormente, foi prorrogado por mais 60 dias. O direito da amamentação também foi respeitado. Até ela completar 18 meses, não trabalhei no período noturno justamente para que o aleitamento fosse mantido. Achei muito importante esse incentivo”, relembra com carinho.
Ao retornar para a rotina de trabalho, os conflitos foram aparecendo. Apesar da dificuldade de adaptação com a nova rotina de administrar o trabalho e a filha, nunca passou pela cabeça de Fabiana abandonar a profissão. “Foi uma fase muito difícil, mas considero natural quando se trata em se dividir entre a profissão e maternidade”, explicou.
A Cabo da PM é lotada hoje no Comando Geral, realizando trabalhos administrativos, mas quando surge escala extra é preciso trabalhar nas ruas, no serviço operacional e ostensivo. Dedicada na profissão, como mãe não poderia ser diferente. Fabiana faz questão de ser uma mãe presente e amiga. Vive cada momento, cada fase como se fossem únicos e não planeja um segundo filho. “Hoje, minha maior preocupação é investir nos estudos da Laysa, ensiná-la a ser uma pessoa do bem, respeitar o próximo e buscar o progresso na vida dela. Ser mãe só me trouxe alegrias”, disse orgulhosa.